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Publicado em 21/11/2017
Nossa reflexão de hoje, vai focar um sentimento muito presente quando se pensa nas emoções: a carência afetiva. O sentimento de carência, é para muitas pessoas algo despercebido, mas trata-se de um sentimento de dependência por alguém, que ocupa um papel de algo que faltou.
O afeto, tem um importante papel na função de troca, o dar e receber reciprocamente, carinho e afeição. Algumas pessoas em todo desenvolvimento de suas vidas, não possuem essa gratificante experiência. (Ver artigo A Importância do Afeto).
Na carência afetiva, acontece um apego exacerbado ao outro, a ponto de depositar nesse outro sua própria sobrevivência. As pessoas envolvidas nessa relação, sugam emocionalmente o outro, vivem em torno do que o outro vive e perdem a capacidade de discernir situações.
Sendo assim, temos que começar a pensar na importância do afeto em todo desenvolvimento, desde o nascimento, onde a relação do bebê com os pais ou quem os substitua, é de extrema importância.
Nesse início do desenvolvimento do contato com o mundo, é que se instalará a capacidade de receber e dar carinho, que irá repercutir na vida adulta.
Na carência afetiva, sempre estará presente, a necessidade exaustiva de cobrar, de receber e a incapacidade de dar aquilo que não recebeu. Crianças abandonadas e rejeitadas refletem bem essa situação, a carência se instala por um sentimento de falta contínua, isso pode ocorrer de forma real ou fantasiosa.
Algumas crianças, não compreendem a necessidade de seus pais em deixa-las para trabalhar, podem interpretar essa ausência como um abandono, é a sensação de ausência, que no futuro poderá ser sentida, toda vez que for ou se sentir abandonada.
Pais superprotetores, também podem gerar carência afetiva nos filhos, muitos satisfazem todos os desejos materiais como brinquedos, celulares de última geração, roupas de marca, viagens e outros aparentes benefícios, se esquecendo do carinho, do diálogo, da qualidade e não quantidade de presença e interação.
Essas crianças, se desenvolvem e crescem com medos e inseguranças por gerarem enorme dependência dos pais, podem se fechar e manifestar a carência afetiva em qualquer circunstância em que se relacionarem com alguém.
Algumas características estão presentes em pessoas que vivem a carência afetiva:
Necessidade de controlar o outro
Possessividade e inseguranças
Sensações contínuas de não dar conta de si
Comparações com pessoas bem-sucedidas
Baixa autoestima
Angústia permanente
Pessoas carentes muitas vezes, também optam por manter um relacionamento, mesmo que a situação não seja favorável, por não suportarem a ideia de ficarem sozinhas, é o caso muito comum de mulheres que permanecem com companheiros agressivos, alcoólatras ou com comprometimentos emocionais oscilantes.
A vida é feita de escolhas, escolher alguém para se relacionar, deve ser pautada em ter e manter o autoconhecimento em primeiro lugar, ou seja, cuidar de si, se conhecer e perceber que se tem vida própria sem precisar sufocar o outro.
Na vivência da carência, também existem tendências a se vitimizar e chamar atenção sobre si, surgem sentimentos de inferioridade, desvalorização.
Algumas pessoas, deixam de percorrer um caminho individual, para viver a vida do outro, como se essa decisão trouxesse a elas, um porto seguro, uma forma de suprir suas carências afetivas.
Outro fator a ser observado na carência afetiva, são pequenos furtos feitos por crianças e adolescentes, que muitas vezes, podem ser equivocadamente confundidos como sendo uma cleptomania. (Ler artigo Cleptomania) esse comportamento pode estar refletindo, uma profunda carência e necessidade de sentir atenção sobre si.
Nesses episódios, por desconhecimento, os pais podem impor severos castigos, agravando ainda mais a situação, essas crianças são muito fragilizadas e tendem inclusive a entrar em situações complexas para aliviar a angústia da carência afetiva.
A carência afetiva, pode desencadear inúmeros transtornos emocionais, como depressões, síndrome do pânico, e outros, assim como busca e abuso de substâncias químicas e álcool.
O importante, é constatar que a carência afetiva se instalou e pode trazer consequências, procurar ajuda profissional e aos poucos ter condições de minimizar e até eliminar um aspecto do comportamento tão difícil de ser compreendido.
Boas reflexões!
Fico a disposição para dúvidas ou maiores esclarecimentos.
Forte abraço!
Claudete J. Silva Colunista de Saúde e Comportamento
Psicóloga Especialista em Clínica e Psicossomática
Tels: (11) 5594-2639 | WhatsApp: (11) 99626-4832
https://psiclaudetesilva.com.br
e-mail: claupsi.js@gmail.com
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