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Publicado em 02/06/2022
Especial dia dos namorados.
Namorar em 2022 não lembra em nada o namorar em 1982. Quarenta anos separa gerações que aprenderam outras formas de se relacionar e ser feliz. Como é namorar pra você?
O ano era 1990, eu estava com dezesseis anos. Desejava namorar "sério" e essa seriedade almejada continha fidelidade, juras de amor e futuro casamento. Namorávamos para conhecer e casar. Eu que me encaixasse na vida dos escolhidos.
Trinta e dois anos após, me vejo no dia-a-dia do consultório com muitas definições de amor e uma nova visão sobre o namoro. De cada dez namoros, sete dividem o mesmo lar: a solidão faz parte da vida da maioria e unir-se ao parceiro é uma saída emocional, financeira (custos divididos), sexual e psicológica muito sensata. Como a família faz tempo assumiu uma nova cara, muitos jovens encontram no parceiro a união que mais se aproxima de um "lar", e é ali que constroem sua vida. Outros pacientes descobriram, após separações e desilusões, um novo significado de amor, na homossexualidade: homens se assumem e vivem relações com outros homens, assim como mulheres se encontram nos braços de uma outra mulher. Alguns se interessam por pessoas muito diferentes do que estavam acostumados a se relacionar, na esperança de ser diferente, de ser melhor. E muitos cultivam os moldes tradicionais: até que a morte os separe, entre alegrias e perrengues do cotidiano.
Jove e Juma, casal da novela do horário nobre, declararam recentemente que fora da interpretação querem se "pegar" o tempo todo, mas sem namoro. Os jovens já não temem viver seus instintos, não há o que esconder. A liberdade é vivida já que a maioria, em 2022, é bem dono de seu nariz e de seus boletos. Acabou? já não se sofre como antigamente; sofre apenas o necessário e a vida e a fila seguem. Tudo é vivido tão intensamente que o final deixou de ser trágico. Casa-se uma, duas, muitas vezes - em época de vida exposta em rede social a urgência é ser feliz e escancarar a felicidade sem se importar com o julgamento alheio.
Desde o "trauma coletivo" instalado em 2022 - lê-se pandemia - a paquera se rendeu aos aplicativos e redes sociais. Sem horário nem data pré-estabelecidos, sem fronteiras, sem frescuras: assim é a forma de se conhecer na atualidade. Muitos namoros começaram e começarão on-line, sem preconceito. É mais prático e todos ganham. Outra característica que percebo é que a verdade predomina - não se conta mais mentira para agradar o outro, assim os casais se atraem por hobbies, por opiniões, por gostos e gestos. O entrosamento se tornou mais fácil e em tempo menor do que no passado.
Assim como a mentira ficou no passado, os namoros atuais são baseados além do sentimento: você fuma? me desculpe mas eu detesto cheiro de cigarro. Você só come comida gorda? não se encaixa no meu padrão de alimentação saudável. Você fica de frescura nas redes sociais? quero algo leve e correspondido, de problemas basta meu trabalho. Os pombinhos sabem definir melhor o que querem e o que não toleram e é assim que escolhem sua cara metade. Em 2022, a terapia está ok.
E você, como anda sua vida sentimental? Espero ter plantado sementinhas dentro de você com esse texto e mostrar que felicidade é algo urgente, porque o tempo passa.
Redação:
Silvia Delforno, psicanalista. "Ajudando você a viver de forma mais leve, com mais plenitude e realizações".
Sessões on-line e presencial. Informações: whatsapp - 11 971182440.
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