E se, ao invés de eu reclamar da minha aparência, eu me aceitasse? E se eu olhasse menos para a estética e beleza alheia, focasse nos meus pontos fortes e procurasse melhorar o que me incomoda? E se eu me comparasse menos e me valorizasse mais?

E se, eu não passasse o dia rolando o feed, vivendo a felicidade alheia e começasse a planejar a minha felicidade: o que eu gosto de fazer, o que me dá prazer? Onde eu posso fazer o movimento e começar a ganhar dinheiro para conseguir comprar o que necessito? Como eu posso chegar na posição que almejo, porém paraliso sem saber como chegar lá? E se eu voltasse a estudar? Existem novas profissões no mercado, novos nichos a serem explorados. 

E se, ao invés de eu só reclamar, eu corresse atrás da vida que eu sempre imaginei? Se eu dependesse menos da sertralina e me acalmasse naturalmente? E se eu começasse a fazer por merecer e a felicidade me encontrasse? E ainda, e se eu tivesse mais fé, e deixasse o universo fazer a parte dele? 

E se, eu aceitasse as pessoas como elas são e não tentasse moldá-las ao meu gosto. E se eu aceitasse que o meu melhor é apenas meu e ninguém é obrigado a ter os mesmos gostos. E se eu deixasse de ser marrento e passasse a ter mais empatia? E se eu amadurecesse? Nossa, seria doido isso.

E se eu não manipulasse pessoas nem situações. Eu poderia também ficar mais na minha e guardar meu ponto de vista, não gerando polêmica nem fazendo julgamento alheio. Tudo seria diferente se eu me colocasse no lugar do outro e tirasse o foco apenas do meu umbigo.

E se eu entendesse que o amor é um sentimento nobre que a gente constrói, dia após dia, com os pés no chão. Seria bom se eu percebesse que a outra pessoa quer ser aceita e não criticada. Pra isso, eu preciso primeiramente curar o meu amor, para depois eu atrair uma boa parceria.

E, principalmente, se eu entendesse que a vida é feita de decisões, por vezes certas e por muitas vezes erradas, mas é o erro que faz a gente aprender. Algumas decisões não podem ser revogadas, e nesses casos, cabe a frustração e a aceitação. Porém, cabeça erguida, pois muitas outras decisões podem ser modificadas, uma vez que somos seres mutantes, inovadores, e em crescente desenvolvimento.

O que não dá é morrer por dentro achando que não há mais vida. Há muito o que se viver. Pensa nas costas litorâneas do mundo e as praias maravilhosas para serem conhecidas. Pensa nos filhos e netos que você pode ter. Nos novos amores que lhe espera. Nas oportunidades que existem nesse mundão de Deus.

"A biblioteca da meia-noite" é um dos livros mais lidos no mundo atualmente, escrito por Matt Haig, editora Bertrand Brasil, 2023.

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