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Publicado em 14/04/2023
Atacados como antissociais, os solitários são pessoas que preferem refugiar-se do caos.
Sábado à noite, uma taça de vinho, uma massa para o jantar. A playlist de Bridgerton roda no Spotify. Ela está em sua própria companhia. Os solitários tornam-se pessoas enigmáticas por preferirem se isolar, curtindo a própria companhia. Não precisam beber cerveja para agradar aos outros, não negociam o sabor da pizza. Não mergulham nas modas sertanejas. É bom agradar a si próprio, sem contragosto, sem forçar simpatia. Há vida na própria presença.
No caos da urgência em viver e postar, na emergência de socializar, na necessidade de relacionar-se por mera carência e cobrança, o solitário anda na contramão de tudo e todos. Ele estabelece suas necessidades, prioridades e escolhas. No seu tempo.
Cada vez mais é percebido o crescente número de pessoas que, cansadas das infinitas portas que se abrem do portão pra fora, fecham as janelas e trancam a entrada em busca de silêncio, quietude, paz. Procura conhecer a si próprio e permite viver sua própria via-crucis até o céu. É no privado que a gente se encara de verdade, é chorando e permitindo sentir o que realmente machuca, e o motivo da dor.
É debaixo do edredom que a gente encontra nossos verdadeiros medos e as formas que encontramos de nos proteger dos nossos fantasmas. Aliás, é na solidão que os fantasmas internos costumam aparecer. Nesse momento começa a amizade entre o solitário e sua sombra. É o início da ressignificação. No meio da balada, o teor do álcool transforma e transtorna. No sexo sem carinho, somos primitivos e programados. Nas drogas, viajamos para o longe; pena que o longe não vire a esquina. Nas relações tóxicas, ficamos doentes. Na sociedade moderna, deixamos dinheiro, respeito e dignidade para viver falsas alegrias. Felizes são os bons momentos, as boas parcerias, os amores correspondidos, as deliciosas noites e as ocasiões ímpares com amigos. Shows inesquecíveis, viagens e suas descobertas - as praias maravilhosas, a neve encantadora. É preciso equilíbrio na vida.
Preocupa quando o solitário não responde mensagens. Quando faz postagens vitimistas e suicidas. Quando está doente do corpo, da mente e da alma. Preocupa quando a família já não importa, quando os amigos são afastados. Quando remédios psiquiátricos são consumidos com álcool.
Não é sadio quando a religiosidade fanática é usada como empecilho para a socialização. É necessária ajuda quando não há alimentação adequada, higiene, rotina. Requer atenção quando o o sono passa de quinze horas. É preocupante quando o solitário passa a ser depressivo. Se a solidão for característica de uma pessoa sadia, de bem com a vida, que trabalha, cria, se exercita, tem sede de vida, está tudo OK. Ela só está no tempo dela e a maturidade costuma deixar as pessoas seletivas e menos sociáveis. Elas escolhem onde querem estar, com quem e quando. Já não dependem da aprovação do outro.
Já curtiram bastante a vida, agora, só o que lhe agrada atrai. Já conheceram muitos lugares, agora só o que interessa. Já dormiram em algumas camas, agora fazem questão dos seus lençóis limpinhos. Preferem cozinhar, maratonar e se amar.
Não são egóicos, apenas tranquilos. Afinal, sozinho se encontra paz. Redação:Silvia Delforno, psicanalista. "Ajudando você a viver de forma mais leve, com mais plenitude e realizações".
Sessões on-line e presencial. Informações: whatsapp - 11 971182440.
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