Viramos adultos e passamos a temer mais rejeição - já passamos por tanto que a prevenção se tornou o melhor remédio para nossos sentimentos. Não temos muitos amigos, mas acreditamos que é melhor assim – menos risco da gente se sentir excluído. Empregos melhores não são pra nós, pois não temos potencial para mais. Relacionamentos afetivos, melhor pela internet – estamos mais seguros no sofá da sala do que cara a cara com os mal-intencionados e mal-resolvidos. Vamos nos fechando num casulo bem fabricado pelas nossas neuras e inseguranças. Vamos nos autossabotando. O mundo é grande demais para os nossos medos: nossa criança interior, machucada, pode se perder facilmente.

Quando nos rejeitamos,  nos desvalorizamos e não nos sentimos merecedores de uma vida plena. Ficamos inseguros e qualquer vento balança nossa estrutura psíquica e emocional. Somos vulneráveis e melancólicos, por vezes agressivos. Fantasiamos situações e nossa criança, ferida, abandonada e solitária, sai do controle, afinal, é ela que nos protege do que acreditamos ser a verdade. 

Quando resolvemos nos libertar dessa falta de amor-próprio, começamos a falar bem de nós mesmos, resolvemos investir na nossa vida – viagens, passeios, livros e tudo mais o que nos traz prazer. São pequenos atos de amor, e quando menos esperamos, o berço vai ficando mais distante – fazemos as pazes com nossos pais e acalmamos a criança ferida que fomos. Entendemos a essência da vida e passamos a respeitar nossa história. E nossa mente e nosso coração ficam em paz.