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Publicado em 29/04/2015


MORTE:

MITOS E MEDOS

De todos os temas aqui apresentados, a morte é um dos mais delicados de abordar. O objetivo aqui é provocar a possibilidade de reflexão a respeito. O tema aparentemente denso, pode ser diluído no fato de que pensar na morte é refletir sobre a vida.

A morte faz parte das diversas etapas de vida porém, muitas pessoas se distanciam e nem querem pensar na sua, nem na morte de ente queridos, o que é a princípio compreensível e poderemos ver mais adiante.

Muitas pessoas só percebem que a vida passa quando se encontram a beira da morte. Vamos tentar lembrar de quantas pessoas que depois de experiências com a possibilidade de morrer, transformaram suas vidas, passaram a dar mais valor a diversas coisas e detalhes que mal davam atenção.

Ocorrem reconciliações familiares, profissionais, pedidos de perdão em todos os níveis de relacionamento, maior contato com natureza. Enfim, são diversos os aspectos emocionais e transformadores. Surgem novos horizontes e oportunidades que antes não eram percebidas.

O quanto já não se ouviu falar de pessoas comuns que se tornaram atletas, palestrantes, fundadores de associações entre outros, que se tornaram o que são depois de sofrerem graves acidentes, perderem partes do corpo e chegarem quase a perda da vida?

O medo da morte pode nos preservar de maiores perigos que a vida pode trazer. O instinto de preservação nos diz que não devemos atravessar uma avenida sem cuidado e atenção, não podemos ficar próximo de um precipício, andar por lugares com perigos de assalto enfim, são inúmeros medos que trazem a preocupação, mas ao mesmo tempo geram proteção da vida.

Mas por quais motivos se evita falar da morte? Falar sobre a morte causa desconforto, incomoda. O ser humano possui alguns medos básicos e muito presentes no campo, um deles se apresenta de maneira muito forte: o medo de morrer. Algumas pessoas afirmam que são tão felizes com a vida que tem, que nunca pensam na morte.

Mas o que fazer para encarar com naturalidade algo que causa tanta dor, ainda mais quando associada a perdas irreparáveis? Só de se imaginar, a morte passa a ser ainda mais aterrorizadora. O excesso de apego à pessoas, a objetos, a posições sociais é um dos componentes da repulsa que se tem ao se falar da morte.

Obviamente que as ligações estabelecidas ao longo da vida devem ser valorizadas e preservadas, assim como os bens e objetos adquiridos. Mas as relações de toda uma vida não são eternas e, para tudo e todos com quem se convive, existe um começo um meio e um fim.

É interessante perceber que a grande maioria das pessoas, quando consegue abordar o tema da morte, dizem querer morrer de morte súbita. Isso nos reporta a pensar que seria algo inesperado, sem muito sofrimento, ou seja, o medo do desconhecido abreviado. E o que dizer do impacto para quem fica?

Outro aspecto que causa medo é o de adoecer, sofrer e morrer. De novo, chamo a atenção para os aspectos positivos de toda e qualquer situação. Para muitas pessoas, esse trajeto pode ser um aprendizado, um amadurecimento, um crescimento interior que pode também trazer serenidade e paz interior.

Os ocidentais não são preparados para enfrentar e entender a morte, não é habitual dar enfoque maior ao interior. A cultura implantada desde a infância valoriza exageradamente o consumismo, consequentemente se instala o apego, o medo de perder que podemos associar ao medo de morrer.

O apego traz enorme sofrimento, na verdade não somos donos absolutos de pessoas e coisas materiais como imaginamos. Existe uma necessidade constante de competir, onde se costuma manter uma aparência, esquecendo-se da essência.

Se formos pensar mais profundamente e brincar um pouco para descontrair, podemos dizer que é como se a morte tivesse vida própria, pois de certa forma é autônoma, chega sorrateiramente ou subitamente, quando e onde quiser, de maneira inesperada até por aqueles maiores estrategistas e planejadores de bons passos da vida.

O importante de se falar e pensar na morte, é sofrer um pouco menos quando um dia ela se aproximar de si ou de alguém que se preza muito. Algumas pessoas se apegam em mitos e crenças que falar da morte, poderá atrai-la de maneira mais rápida, outras até batem na madeira todas as vezes que ouvem ou falam na simples palavra morte ou morrer.

Embora o assunto seja muito extenso e possa causar polêmicas, a morte sem dúvida deve ser motivo de reflexão e incorporada naturalmente à vida desde a infância. As crianças devem ser preparadas pelos pais dentro de uma linguagem adequada para a idade e o desenvolvimento de cada um.

Os pais não devem se esquivar do assunto. Compartilhar é uma medida saudável, pois as crianças são curiosas e questionam o tempo inteiro. Vivenciar a perda de familiares, nos primeiros momentos, pode ser um fardo, mas toda família deve participar e entender que a vida passa e deve ser vivida da melhor forma possível.

Trabalhar o excesso de apego e consequentemente, o verdadeiro valor da vida, também é importante e necessário. Crianças que possuem animais de estimação podem visualizar ainda melhor esse processo do ter e um dia perder. O animal de estimação trará como os humanos, alegrias, tristezas, irá adoecer e algum dia de alguma forma irá morrer.

Todas as perdas são portas que se fecham para iniciar um novo momento. Saber lidar com isso é, antes de mais nada, uma condição de sabedoria. Esse preparo trará o amadurecimento, amenizará o sofrimento, que aos poucos deverá ser reestruturado.

Se a perda e o luto que é necessário depois da passagem da morte perdurar, deve-se procurar ajuda profissional, para que aos poucos se retome sua nova vida sem o ente querido que perdeu.

Finalizando e relembrando a música Epitáfio do grupo Titãs “Devia ter amado mais, ter chorado mais...devia ter arriscado mais, ter feito tudo o que eu queria fazer...”. Enfim a vida passa, aproveitar o melhor possível esse presente diário e não se arrepender e sofrer pelo que deixou de fazer.

Fico a disposição para dúvidas e sugestões.


Grande abraço!

 
Claudete J. Silva Colunista de Saúde e Comportamento
Psicóloga Especialista em Clínica e Psicossomática
Tels: (11) 5594-2639 | (11) 99626-4832




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