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Publicado em 08/12/2015
Hoje selecionei um tema que origina sentimentos significativos: A compulsão por compras, que leva a uma ambiguidade contínua. Num primeiro momento, surgem sentimentos de prazer e euforia. Posteriormente, desprazer e inúmeros sentimentos negativos, como culpa, angústia e um enorme vazio.
O comprar sem limites, parece sequestrar o indivíduo de si mesmo. Quem sente, parece estar dominado por um impulso incontrolável, sem noção de onde vem. Gera um desequilíbrio progressivo, traz danos emocionais e financeiros, algumas vezes irreversíveis dependendo da proporção.
Não dá para mensurar o número de pessoas em todo mundo que sofrem desse mal, pois muitas, acabam de alguma forma, escondendo essa questão. Por tempo indeterminado, fazem inúmeras compras com o desconhecimento da família.
A compulsão por compras atinge várias faixas etárias. As mulheres costumam ser apontadas como as campeãs quando se fala no assunto. De fato, no ranking geral podemos observar que sim, mas os homens, embora não seja divulgado, também podem ser compradores compulsivos. O que difere são os objetos de compra; muitas vezes os homens são centrados em carros, roupas de marca, tênis, celulares com recursos avançados entre outros.
A faixa etária dos compradores compulsivos estava entre 20 e 60 anos, porém tem sido modificada significativamente, no decorrer dos tempos. A mídia cada vez mais tem sido uma das grandes responsáveis por esse crescimento. O estímulo ao consumismo através de propagandas associadas ao sucesso e bem estar, de certa forma, são grandes vilãs para quem não tem equilíbrio e controle.
O público infantil e adolescente tem sido constante alvo do marketing, que influencia de maneira assustadora pessoas já fragilizadas. Isso pressupõe que se as novas gerações estão recebendo precocemente esse excesso de estímulo. A tendência será aumentar, em grandes proporções, o índice de compradores compulsivos.
A compulsão por compras também tem sido estimulada de maneira significativa através das facilidades de acesso. Com um simples click sem sair de casa e enfrentar filas, se faz inúmeras compras através da internet. Com tudo isso, as pessoas que já possuem dentro de si a fragilidade da compulsão por compras, diante de estímulos de promoções e facilidades aceleram algo que já é de difícil contensão.
Existem pessoas compulsivas por compras, em todos os níveis econômicos e sociais. O endividamento pela falta de controle, passa a ser um dos fatores de grande preocupação. Porém, não costuma se valorizar a grande necessidade de uma intervenção e acompanhamento profissional.
Os compradores compulsivos não usufruem de suas compras. Investem e sentem um grande prazer na aquisição de algo que lhe chama atenção, mas ao tomarem posse, se sentem desinteressados e passam a se direcionar a outro objeto que cause a mesma sensação.
Alguns procuram justificar para si e para os outros, sua necessidade de comprar, tentando mascarar os sentimentos desconfortáveis que vão surgindo. Importante enfatizar que tudo isso vai ocorrendo de maneira inconsciente, pois a impulsividade e falta de controle não são premeditados.
A compulsão por compras pode se centralizar também em comprar em excesso e estocar alimentos. São pessoas que costumam ir a supermercados e comprar muito além de suas necessidades. Como comprar alimentos é sempre associado à necessidade de comer, passa-se desapercebido o exagero, que também é uma compulsão.
O comprar compulsivamente tem um ciclo de emoções fortes e repetitivas: gera uma ansiedade exacerbada, o prazer e satisfação, seguida de sentimentos de vazio e frustração consigo mesmo. Não sendo tratada e acompanhada, a compulsão por compras, pode sorrateiramente gerar outras patologias. A mais frequente é a depressão, que pode progressivamente seguir o caminho do isolamento social.
Comprar compulsivamente tem consequências graves e exige precauções, pode comprometer não só a saúde emocional, mas também a saúde em geral. Os compulsivos por compras podem ser julgados somente como inconsequentes e imaturos, não se levando em consideração, que o que ocorre é um desvio e como tal deve ser tratado.
O comprador compulsivo, deve inicialmente entrar em contato com a necessidade de buscar ajuda. Por estar mergulhado em sua dificuldade, muitas vezes ocorre o processo inverso, a negação e afastamento, a ponto de aumentar seu endividamento, angústias e insatisfações.
A psicoterapia avalia com maior profundidade e traz a tona os fatores emocionais que estão envolvidos na questão da compulsão por compras. Não se pode generalizar, pois cada caso exige uma atenção particular e individual dependendo do histórico de cada um.
Muitas vezes, dependendo do caso, existe a necessidade de um acompanhamento medicamentoso e paralelo com outro profissional. O importante é caminhar, o primeiro passo é buscar ajuda para constatar a existência da compulsão. Em um segundo momento, minimizar e na medida do possível, eliminar. Trazer para si mesmo o desejo e a oportunidade de transformar algo que traz tanta angústia e tanta dor.
Fico a disposição pra dúvidas, opiniões e sugestões!
Forte abraço!
Claudete J. Silva Colunista de Saúde e Comportamento
Psicóloga Especialista em Clínica e Psicossomática
Tels: (11) 5594-2639 | (11) 99626-4832
https://psiclaudetesilva.com.br
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