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PELAS “RUAS” DE CAFÉ


No interior de São Paulo, onde vivi minha infância e boa parte da meninice, chamávamos de “rua” nosso caminho de correr entre as fileiras da plantação de café.



 
Para você que nunca viu uma “rua” nem um pé de café, experimente visitar o cafezal do Instituto Biológico de São Paulo. Lá existem cerca de 1.500 pés. A colheita é feita nos meses de maio e junho e os grãos, após beneficiamento, são distribuídos para instituições de caridade.

Ou, então, venha ver a entrada do meu restaurante, o Tiziano Cappai, que imita uma “rua”, ladeada por fileiras de pés de café. Se vier ainda esta semana, poderá encontrar alguns grãos desse formidável estimulante, que há mais de mil anos é uma das bebidas mais consumidas em todo o mundo.



FATOS E LENDAS


Não há evidência real sobre a descoberta do café, mas há muitas lendas que relatam sua possível origem. Uma das mais aceitas e divulgadas é esta:

O pastor Kaldi, que viveu na Absínia, hoje Etiópia, há cerca de mil anos, notou que suas cabras ficavam alegres e saltitantes sempre que mastigavam os frutos de coloração amarelo-avermelhada de arbustos existentes em alguns campos de seu pastoreio. E que essas frutas ajudavam o rebanho a conseguir caminhar vários quilômetros por subidas infindáveis.

Kaldi comentou sobre o comportamento dos animais a um monge da região, que decidiu experimentar o poder dos frutos. O monge apanhou um pouco dos grãos e levou consigo até o monastério.


Começou a utilizar os frutos em forma de infusão e percebeu que a bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava ou em suas longas horas de leitura do breviário. Essa descoberta se espalhou rapidamente entre os monastérios, provocando uma demanda pela bebida.

O fato é que existem evidências históricas de que a planta de café é originária da região africana de Kaffa, Etiópia, porque ainda hoje faz parte da vegetação natural de lá.

Além disso, temos como certo que:
 


1. O café foi cultivado pela primeira vez em monastérios islâmicos do Iêmen, na Península Ibérica. Mas a responsável pela propagação da cultura do café foi a Arábia.

2. O termo “café” não é originário do nome Kaffa, o local de origem da planta, e sim da palavra árabe qahwa, que significa “vinho”. Por esse motivo, quando chegou à Europa o café era conhecido como "vinho da Arábia".

3. Somente no século XVI, na Pérsia, os primeiros grãos de café foram torrados para se transformar na bebida que hoje conhecemos.

4. A admiração pelo café chegou à Europa durante a expansão da religião islâmica pelos turcos otomanos.

5. Foram os holandeses que conseguiram as primeiras mudas e as cultivaram nas estufas do jardim botânico de Amsterdã, fato que tornou a bebida uma das mais consumidas no velho continente, passando a fazer parte definitiva dos hábitos dos europeus.

6. Pelas mãos dos colonizadores europeus, o café chegou ao Suriname, São Domingos, Cuba, Porto Rico e Guianas.

7. Foi por meio das Guianas que o café chegou ao norte do Brasil. Devido às nossas condições climáticas, seu cultivo se espalhou rapidamente, tornando-se a primeira realização exclusivamente brasileira que visou a produção de riquezas.

8. Durante muito tempo, o café brasileiro mais conhecido em todo o mundo foi o Tipo Santos, pela qualidade do café brasileiro e pelo fato de a cidade de Santos ser um dos principais portos exportadores do produto.


AS CAFETERIAS



 
Foi em Meca, Arábia Saudita, que surgiram as primeiras cafeterias, conhecidas como “Kaveh Kanes”. Tornaram-se famosas por seu luxo e suntuosidade e como local de encontros entre comerciantes.

Na Europa, as cafeterias também se desenvolveram como ponto de encontro requintado. Atualmente, algumas casas famosas como o Café Procope, em Paris, e o Café Florian, em Veneza, ainda preservam o glamour daquela época.

No Brasil, as principais cafeterias são, em ordem alfabética: Cacau Show, Casa do Pão de Queijo, Grão Expresso, Kopenhagen, Rei do Mate, Starbucks e Vanilla Café.


MITO OU REALIDADE?

Mito: o café faz mal à saúde

Realidade: seu consumo moderado não é prejudicial ao organismo, pelo contrário: contribui na prevenção de várias doenças, como o câncer de cólon, diabetes, a doença de Parkinson e o mal de Alzheimer. Isso porque o café possui propriedades antioxidantes e protege os neurônios.



Mito: o café causa dependência

Realidade: a primeira coisa que cada ser humano faz ao nascer é tornar-se dependente químico. Ao respirar pela primeira vez, torna-se dependente do oxigênio para todas as atividades bioquímicas de seu organismo. A seguir, torna-se dependente químico do mais nobre dos alimentos: o leite materno. Então, podemos dizer, sim, que o café causa dependência, mas na forma de hábito saudável, como tomar água e fazer exercícios. E o café não causa dependência de substâncias que prejudicam a saúde, como tabaco, álcool e drogas ilegais.



Mito: o café faz mal às crianças

Realidade: em quantidades moderadas de até quatro xícaras por dia (400-500 mg/dia) a cafeína não é prejudicial a saúde humana, desde a gestação até o final da vida. O mesmo não acontece com outras bebidas. Por outro lado, estudos recentes feitos por médicos ingleses detectaram que o consumo exagerado de refrigerantes por adolescentes não apenas ajuda a destruir os dentes como pode provocar problemas de comportamento e afetar seu crescimento.



Mito: o café não alimenta; é “caloria vazia”

Realidade: o grão do café não possui apenas a cafeína, mas também potássio, zinco, ferro, magnésio e diversos outros minerais, embora em pequenas quantidades. Também possui aminoácidos, proteínas, lipídeos, além de açúcares e polissacarídeos. E mais importante: o café possui uma enorme quantidade de polifenóis antioxidantes, chamados ácidos clorogênicos. A comunidade médico-científica já considera a planta café como funcional (que previne doenças mantendo a saúde) e nutracêutica (nutricional e farmacêutica).



Mito: o café pode causar osteoporose porque interfere na absorção do cálcio

Realidade: a cafeína não atua como um quelante do cálcio, como o antibiótico tetraciclina. O consumo moderado de café não causa osteoporose em idosos nem aumenta o risco de fraturas. Mas o consumo exagerado de cafeína – presente não só no café como em alguns chás – deve ser evitado por pessoas idosas e mulheres na menopausa. Ou seja: doses acima de 500 mg diários de cafeína pode influir na ocorrência de osteoporose, mas apenas nas mulheres que consomem uma quantidade inferior a 800 mg de cálcio em sua dieta.


Fonte: Dr. Darcy Roberto Lima, no site da Associação da Indústria de Café, www.abic.com.br



 

1. Em 1475, o café tanto fazia parte do cotidiano dos árabes que foi promulgada uma lei permitindo à mulher pedir o divórcio caso o marido se mostrasse incapaz de lhe prover uma quantidade diária da bebida.

2. O café mais exótico e caro do mundo vem da Indonésia. É o Kopi Luwak, feito a partir de bagas de café que foram comidas, digeridas e excretadas por um pequeno marsupial, a civeta. O café tem um sabor rico, forte e exoticamente terrestre. Não são produzidos mais de 200 kg por ano, com preços de até 1.000 euros por kg (Os comerciantes garantem que os grãos de café são lavados antes da torrefação).

3. No Brasil, algumas cafeterias e mercados especializados vendem o Kopi Luwak por cerca de 180 reais, um pacote de 250 gramas, ou 28 reais a xicrinha – isso quando o encontramos. Um preço salgado, mas que os apreciadores dizem valer cada centavo.


4. Café "EXPRESSO" ou café "ESPRESSO"?
O termo “espresso” é usado na Europa, tem origem italiana e significa “espremido”. No Brasil, não temos a palavra “espresso” nos dicionários. Dizem os especialistas que não está errado dizer “café espresso”, porque de fato o café é “espremido” na máquina. E, como ele fica pronto rapidamente, entre 15 e 20 segundos, pode-se dizer, também, que é um “café expresso”.

5. Em Lisboa, Portugal, o termo tradicional para designar o café é bica, que significa "Beber Isto Com Açúcar". Já na cidade do Porto é costume pedir um cimbalino, como referência a La Cimbali, uma marca popular de máquinas de café expresso.

6. Chama-se “bar” a unidade de medida de pressão utilizada na maioria das máquinas de expresso; e “barista” designa o profissional conhecedor da arte de preparar corretamente os cafés, cappuccinos e bebidas à base desse grão.






Rosangela Cappai
Colunista de Gastronomia
Com redação de Marília Muraro

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