Republicado em 25/12/2018
Na Inglaterra, todos os anos acontece um feriado especial, no dia seguinte ao feriado de Natal. É uma tradição tão respeitada, que quando o dia de Natal cai num sábado ou num domingo, o feriado é transferido para a próxima segunda-feira.
É o chamado Boxing Day, também conhecido com dia de São Estevão, o primeiro romano morto por acreditar nos ensinamentos de Jesus, como conta a Bíblia, em Atos dos Apóstolos.
Sua origem remonta à Idade Média, há pelo menos 800 anos atrás. Nessa época, no dia seguinte ao do aniversário de Jesus, algumas Igrejas promoviam a abertura de uma caixa (“box”, em inglês), na qual acumulavam dinheiro doado pelos fiéis e o distribuíam aos servos.
Assim, aqueles que não tinham direitos e nem bens, podiam aproveitar o dia seguinte ao do Natal para celebrar com a família, e diante de uma refeição mais farta.
Com esse caráter filantrópico, o dia de abertura das caixas de donativos e distribuição deles aos menos favorecidos tornou-se o feriado Boxing Day no Reino Unido, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, já que estar com a família é (ou era) algo inestimável em qualquer nação.
Com o passar do tempo, o comércio varejista resolveu transformar o Boxing Day em um grande saldão no dia 26 de dezembro, com ofertas irrecusáveis aos consumidores. As filas dos “menos favorecidos” deixaram de ser uma possibilidade de reunir a família com mais e melhor comida, para tornarem-se coadjuvantes da necessidade das lojas de queimarem seu estoque restante das compras de Natal.
E o significado pelo qual morreu São Estevão, de valorizar os ensinamentos de Jesus de amor à humanidade, desprendimento e generosidade para com os menos favorecidos, foi se perdendo nos meandros do sistema de comércio e lucro.
E quem pensa que o Brasil fica de fora desse atual significado do Boxing Day, se engana. Além dos saldões usuais que há muito as lojas brasileiras promovem a partir do dia 26 de dezembro, para queimarem seus estoques, hoje em dia o Boxing Day está presente em sites brasileiros de comércio eletrônico, que no dia 26 de dezembro reúnem ofertas de grandes lojas, com a facilidade de fazer as compras pela internet.
Pensar no Natal como o dia do nascimento de Jesus não me parece coerente com o atual significado mercantilista do Boxing Day.
Na Irlanda, muitas pessoas ainda preservam o costume de sair às ruas nesse dia para pedir donativos, e muitos são até famosos.
Anos atrás, por exemplo, alguns felizardos tiveram a chance de cruzar na rua com nada menos que BONO (U2), fazendo um som básico na Grafton Street, de Dublin, e recolhendo fundos para uma instituição, assim, como um simples músico de rua.
Uma ação que retoma o significado original do Boxing Day.
Um bom exemplo.
Que tal fazermos em 2018 um Boxing Day Original?
Planeje sua ceia de Natal com preparações extras e convide alguns menos favorecidos que você para receberem caprichados pratos natalinos no dia 26 de dezembro.
Rosangela Cappai
Colunista de GastronomiaCom redação de Marília Muraro
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