Queria falar de doces...
Uma área da gastronomia que apresenta infinitas preparações, talvez as mais sofisticadas.
Por certo agradaria muitos leitores que têm uma história antiga com o doce: desde a relação de afeto que envolve as lembranças dos quitudes preparados no tacho por suas avós, até a uma dependência emocional da sensação de prazer e recompensa que o açúcar hoje lhes proporciona.
Pensei em bolos, em uma receita de bolo daqueles bem recheados, que ficam úmidos por dentro, especialmente saborosos.
Açúcar, farinha, ovos, gordura... os ingredientes principais.
No entanto, considerei: se eu me limitasse a acrescentar motivos para comer doces, certamente desagradaria os leitores que se esforçam para manter suas dietas de emagrecimento (o açúcar engorda, e muito) ou aqueles que buscam uma alimentação mais natural ao organismo humano, porque estão conscientes dos malefícios que o excesso de açúcar pode trazer ao equilíbrio de glicose do seu corpo.
Há muitas receitas de bolos, milhares. A maioria com base no açúcar refinado e na farinha de trigo branca, também refinada... ambos criticados, hoje em dia, por médicos, nutricionistas e naturalistas, por serem pouco nutritivos se comparados a suas versões integrais.
Ora, o açúcar e a farinha de trigo refinados são aqueles que passaram por técnicas de industrialização elaboradas conforme leis e normas brasileiras, para eliminar impurezas, garantir o período de conservação e melhorar o aspecto e a textura deles (a cor branquinha e a facilidade de incorporação no preparo das receitas). As mesmas técnicas permitem que sejam produzidos em série e aos milhares, o que torna os preços desses produtos bastante acessíveis à população.
Aparentemente, nada reprovável em um país industrializado, que precisa produzir cada vez mais alimentos para o seu povo.
Acontece que, hoje em dia, verificou-se que essas técnicas de refino também “esterilizam” os produtos agrícolas das propriedades de nutrição que a natureza lhes deu. Um bom exemplo é o sal: ao ser refinado, perde seu teor de iodo natural, que depois do refino é acrescentado industrialmente, e você lê no rótulo: “com adição de iodo”.
As versões integrais, tanto a do açúcar como a da farinha de trigo, são aquelas que não passaram pelas técnicas de refino tradicionais, portanto têm preservados os seus nutrientes naturais e não necessitam de aditivos químicos. Por outro lado, são elaborados de forma mais artesanal, são mais perecíveis e, portanto, mais raros nas pratelerias e, quando encontrados, mais caros.
Então, falar de doces com açúcar refinado e farinha branca já não me pareceu uma ideia muito estimulante.
Pois foi aí que me apareceu uma vizinha, a Veruska, oferecendo para eu experimentar uma receita de bolo doce, muito saboroso, molhadinho em seu interior, que não levava açúcar refinado, nem farinha branca... um doce natureba, feito apenas com ingredientes integrais, sem gordura saturada e, ainda, recheado com nozes e frutas.
Pronto; salvou-me do impasse.
Vamos à receita de Veruska?
Anote todos ingredientes que precisa comprar e, depois, acompanhe passo a passo o preparo. É fácil demais.
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