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Publicado em 17/07/2017
COMO O INVERNO AFETA NOSSO CORPO
O tempo do frio muda bastante nosso apetite.
Salada de alface? Nem pensar!
Tomate? Só se for ao molho, na macarronada, e com muito queijo em cima.
Chocolate, paçoquinha, tortas cremosas e outras delícias açucaradas acenam para nós das prateleiras, oferecendo uma carga rápida de calorias. E alguns quilinhos extras, pois, caso o consumo vá além do necessário, nosso organismo irá estocar o excesso como gordura. Sob a pele e em torno dos órgãos internos.
No tempo do frio também é comum acontecer uma redução da prática de atividades físicas. Afinal, ficar imóvel no sofá, enrolado em cobertas, é uma opção bem mais interessante que enfrentar o vento frio da rua para deslocar-se até o trabalho, ou para exercitar-se na academia, não é?
Então, nosso organismo enlouquece no inverno?
Não. Essa maravilhosa máquina da natureza é perfeita. Está nos impulsionando a consumir mais nutrientes porque no inverno ela tem um serviço extra: precisa de mais “combustível” para manter a temperatura do corpo em seu nível ideal.
Os “motoristas” do organismo é que às vezes perdem a noção do equilíbrio.
Na verdade, diante do frio lá fora nosso corpo precisa acelerar, produzir mais calor para manter a energia necessária às suas funções, como respirar, caminhar, fazer a digestão dos alimentos, controlar a circulação do sangue e os batimentos cardíacos, dentre muitas outras.
Muito normal, então, que o apetite aumente no inverno.
Ocorre um aumento no consumo energético, porque a temperatura ambiente fica menor do que a temperatura corporal. Então, nosso corpo trabalha mais para manter sua temperatura, gasta mais energia, e “pede” mais nutrientes para “encher o tanque”.
E a questão não é apenas comer mais. No inverno, sentimos o impulso de consumir alimentos mais calóricos e pesados, especialmente os que são ricos em carboidratos, que constituem uma importante e rápida fonte de energia.
No entanto, nessa estação mais fria do ano nosso corpo também precisa de vitaminas e minerais. Precisa nutrir seu sistema imunológico, ou seja, aumentar suas defesas para prevenir doenças típicas da época do frio, como gripes, resfriados e rinites. Por isso, precisamos manter o consumo de hortaliças e frutas. Mas agora podem e devem ser quentes, ou seja, preparadas na forma de sopa ou assadas.
Muito normal, também, sentir mais preguiça. De fato, no inverno ficamos mais lentos porque, em temperaturas baixas, a troca de calor do nosso corpo torna-se superior ao calor que recebe do ambiente.
É preciso, então, deixar de perder calor. Nosso corpo se defende com alguns mecanismos, como vasoconstrição sanguínea, fechamento das glândulas sudoríparas, diminuição da circulação sanguínea periférica, entre outros. E, para compensar essas tarefas, o corpo aumenta a queima de gordura.
Só para os gordinhos: os mecanismos que o corpo usa para se adaptar ao frio podem ser bastante úteis para quem deseja emagrecer. Usem o inverno a seu favor, intensificando a queima de gordura com exercícios físicos.
Para quem tem filhos adolescentes: essa é uma boa hora para mostrar a eles que não é implicância o lembrete de “levar o casaco” ao saírem de casa: é para manter sua energia na balada, evitando que o calor de seu corpo se dissipe no tempo frio lá de fora.
Para os mais idosos: convém lembrá-los, especialmente, de que aumentar muito o consumo de alimentos ricos em gorduras e açúcares pode causar problemas de saúde, como alterações nos níveis de colesterol, triglicérides e glicemia. |
Para saber mais
Os termos usados em textos que envolvem noções de ciências como biologia, química e física, geralmente são técnicos, ou seja, pressupõem um conhecimento prévio de seus conceitos.
Procurei, cuidadosamente, evitá-los, para garantir a comunicação dos processos, em nome da clareza. No entanto, caso o leitor ou leitora queira ampliar seus conhecimentos sobre o tema, considerei relacionar alguns conceitos que às vezes são usados de forma um tanto indiscriminada.
Temperatura: é o grau de calor de um ambiente ou de um organismo. O ser humano tem uma temperatura normal de aproximadamente 37 °C. Essa é a medida de calor de que ele precisa para funcionar, mas que pode ser modificada conforme suas trocas com o ambiente em volta.
Calor: é uma forma de energia que se transfere de um sistema para outro graças à diferença de temperatura entre eles.
Energia: é a capacidade que um corpo, uma substância ou um sistema físico tem de realizar trabalho ou uma função.
Caloria: é uma energia produzida e armazenada em nosso corpo quando ingerimos e processamos um alimento. Todos os alimentos possuem calorias, mas em diferentes quantidades.
Os alimentos gordurosos, como carnes gordas e lacticínios, são os que contêm mais calorias. Os carboidratos são os que possuem as calorias mais fáceis de serem absorvidas e metabolizadas. Por exemplo, pão, arroz, feijão, lentilha, cenoura e maçã são boas fontes de carboidratos.
Você encontra a quantidade de calorias nos rótulos de alimentos industrializados. Mas se quiser controlar as calorias que vai consumir, verifique a que porção do alimento essa medida se refere.
Metabolismo: é o conjunto de transformações que nosso organismo executa para liberar a energia de que precisa para manter as funções necessárias a sua vida, como digestão, respiração, circulação, atividade física, glandular etc. Para gerar essa energia, o metabolismo de nosso corpo precisa de calorias. E, no inverno, o metabolismo acelera, por isso gasta mais calorias.
Nas doenças de inverno, cuidado com estes alimentos
Mel: é um nutriente de grande ajuda nas infecções e na produção de anticorpos. Mas tome cuidado com a quantidade usada, para não ingerir excesso de açúcar. E cuide também de evitar engasgos com ele, especialmente em crianças muito pequenas.
Leite e seus derivados: favorecem a formação de muco no organismo, o que prolonga o quadro de mal-estar, nariz congestionado e tosse.
Bebida alcoólica, cafeína e sal: enfraquecem o sistema imunológico e vão deixar a sua recuperação mais lenta.
Produtos industrializados: contêm corantes, conservantes e açúcar que atrapalharam o sistema imunológico.
Marília Muraro
Colunista Gastromania
marilia.escrita@gmail.com