Compartilhar
|
Publicado em 31/07/2014
A gravidez é um período emocionalmente riquíssimo e que propicia a regressão a uma infância mais precoce, onde atualizam-se conflitos infantis, conscientes e inconscientes mal elaborados.
Este estado regressivo provoca intensa identificação com seu bebê. Ela vive um estado fusional com o embrião, como uma remota e constante lembrança do próprio início de vida da gestante, como uma nova possibilidade de, vivenciando novamente esta fase, poder reparar o passado e compreender as necessidades do RN.
Na gravidez a mulher experimenta um estado regredido, fica mais sensível a questões existenciais e a vinda de um bebê traz a passagem do lugar de filha para o lugar mãe, provocando um abalo em sua identidade. Remexe conteúdos primitivos, reacendendo conflitos infantis antes reprimidos.
Como ela pode fazer para ter uma gestação tranquila?
Naturalmente fazer o pré-natal, necessariamente quando houver risco previsível, cumprindo todos os exames de rotina (7 visitas no mínimo).
A gestação é um período fértil também para as fantasias, por isso, a gestante deve ter informações (que nossas avós não tiveram oportunidade) e esclarecer todas as suas dúvidas. Hoje a mãe pode monitorar a sua saúde e a do bebê.
Com quem ela deve contar?
Como a gestante revive sua infância a família e o parceiro são fundamentais. Desse modo, a qualidade do vínculo entre os parceiros é elementar para o equilíbrio da relação mãe-bebê. Se a gravidez mobilizar muitos aspectos inconscientes, trazendo angústia, é recomendável um bom analista.
Qual deve ser a relação dela com o obstetra?
Essencialmente uma relação de confiança.
Faz-se extremamente prudente e necessário a ajuda de um profissional capacitado que possa acolhê-la, orientá-la e reassegurar-lhe a confiança e o bem-estar neste momento. Vale lembrar a origem da palavra obstetrícia: ficar ao lado. Assim, adequada assistência profissional e bom vínculo transferencial com seu médico podem ser determinantes para a saúde psíquica da gestante.
O que fazer com os milhões de conselhos que uma grávida recebe por dia?
Conselhos não necessariamente devem ser seguidos, mas devem ser refletidos. Discernimento é o segredo. Às vezes algumas dicas nos levam a buscar informações que se tornam valiosas.
É verdade que cada gravidez é uma mesmo numa mesma mulher? Sim, cada filho é gerado numa circunstância única. Um contexto que envolve desejo, história de vida da mulher, do casal, do trabalho, do financeiro, do “por que e pra que” deste filho, das projeções lançadas sobre a criança. Isso tudo vai fornecer um “lugar” ao filho e determinar esta relação.
O que pode abalar uma gestante emocionalmente, em geral.
Depende muito da estrutura da personalidade desta mulher. Há mulheres que se abalam com questões fúteis como: “Terei estrias?” até o tipo de parto e fantasias como "meu filho será saudável?", “serei boa mãe?”
O que as mulheres precisam saber é que uma gravidez será emocionalmente melhor à medida que seus sentimentos em relação a esse filho sejam de proteção e amor.
Ângela Clara CorrêaDiretora técnica da UNIRE DESENVOLVIMENTO HUMANO Coordenadora dos cursos profissionalizantes da Unire Psicóloga - Especialização em Psicanálise da Criança Fone: 11 5575 6300 | www.unire.com.br
Compartilhar
|