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MASSAGEM E AUTOCONHECIMENTO I


Publicada em 23/05/2013

“A massagem é uma das artes mais sutis ... é uma questão de amor.”

Esta é uma descrição do mestre indiano, Osho, sobre o processo de autoconhecimento que pode ser iniciado através do aprendizado da arte de tocar outro ser humano. Se você já recebeu ou praticou uma massagem com esta qualidade que Osho descreve, vai concordar comigo que massagem pode ser algo muito além do que uma técnica para aliviar dores e relaxar seu corpo estressado e cansado, ou mesmo curar e prevenir doenças.


Quando iniciei minha experiência com a massagem ayurvédica, pelo método de Kussum Modak, discípula de Osho, estávamos no início dos anos 90. Eu era uma bancária, com pouco mais de 30 anos, casada e mãe de dois filhos, com muitos conflitos. Ainda não se ouvia falar termos como “massoterapia”, “terapia manual” ou “terapias complementares”, embora a Medicina Tradicional Chinesa e a acupuntura, bem como o Shiatsu ou Do-in, já despontassem no “hit parade” da novas “terapias alternativas”, termo mais utilizado naquele tempo. Tampouco, eu imaginava que algum dia poderia me profissionalizar nesta área como terapeuta corporal ou holística, pois o estigma de “alternativo” era algo muito próximo de “ser hippie”, ou de escolher um caminho profissional fora do “sistema”, “alternativo”. Embora eu achasse isso lindo e até invejasse os amigos que tiveram a coragem de “ser alternativos”, eu não conseguia enxergar com clareza o que significavam os conflitos internos que eu já vinha sofrendo com relação à minha vocação como massagista.

A massagem entrou na minha vida como terapia, através da conexão com terapeutas recém-chegados do Óregon (EUA) e de Poona (Índia), onde borbulhavam as terapias corporais e bioenergéticas desenvolvidas por Bhagavan Sri Rajneesh - como Osho era conhecido nos anos 80. Foi um momento de grande liberação e transformação para mim e para muitos jovens que, pela rebelião e conflito com o mundo ao seu redor, buscavam um mestre como Rajneesh e, através da devoção a estes mestres, se convertiam ao Divino e ao Amor Universal, encontrando um prazer de viver mais amplo e abrindo caminho para a expansão de consciência que se tornaria visível 20 anos depois.

Neste breve texto sobre massagem, muito conhecido pelos discípulos de Osho, ele vai argumentando sobre porque a massagem se tornou necessária no mundo moderno. Ele diz: “A massagem é necessária no mundo porque o amor desapareceu.” Fala também que o toque é uma linguagem esquecida, que foi corrompida pela ideia de que tocar é pecado, está ligado ao erotismo e ao sexo, indo contra a necessidade de elevação espiritual do ser humano. Esta conotação sexual do toque tomou várias formas diferentes, no oriente e no ocidente, e vem se deteriorando ainda mais a ponto da massagem se tornar um “cobertor para a sexualidade”. E estas idéias, comparações e conceitos que fazemos sobre as diferentes formas de toque vão se multiplicando por aí, sem a menor conexão com a verdade nua e crua: a violência e a agressividade escancarada na sociedade e nas famílias, a carência generalizada de amor e a profunda necessidade de ser reconhecido, de ser tocado, de sentir que temos uma vida própria, só nossa, especial, no corpo humano que Deus nos deu.

Um exemplo desta realidade é o que assistimos nos hospitais do SUS, principalmente. São milhares de brasileiros nos ambulatórios e emergências, reclamando, chorando, morrendo muitas vezes, por falta de condições de atendimento ou assistência adequada. Creio que a raiz deste problema é mais profunda do que podemos imaginar. E, mesmo com a perspectiva otimista da implantação da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, que começa a dar bons frutos, há um longo caminho adiante. Para começar, a massagem não está entre as práticas integrativas e complementares reconhecidas e implantadas no SUS. Não tenho a intenção de discutir este aspecto e nem a questão legal sobre o reconhecimento da profissão de massagista, massoterapeuta, ou terapeuta manual, seja lá qual for o termo correto e suas diferenciações.

Para mim, a verdade é muito simples. Massagem, sexo e erotismo, se confundem num palco atordoado pelo sofrimento e a falta de contato de um ser humano para com outro ser humano, pela falta de compaixão e alegria espontânea de viver através de um corpo que precisa sentir e tocar para conhecer o outro e a si mesmo, antes de tudo. Não é uma questão de ser espiritualista ou materialista. Não é isso. Mas é uma questão que diz respeito à evolução do ser humano, a ter os pés na sua ancestralidade corporal e a visão focada no desenvolvimento da consciência humana. O fato é que, como seres humanos, estamos perdendo nossa capacidade de amar por não sabermos como nos tocar uns aos outros.


Leia a seguir a transcrição do texto do mestre Osho, retirada do “Livro da Cura” - Editora Shakti


“Massagem é algo que você começa a aprender, mas você nunca termina. Ela avança e avança e a experiência se torna continuamente mais profunda e mais profunda e mais alta e mais alta. A massagem é uma das artes mais sutis – e ela não é somente uma questão de perícia. Ela é uma questão de amor.

Aprenda a técnica – então a esqueça. Então apenas sinta e mova-se pelo sentimento. Quando você aprende profundamente, noventa por cento do trabalho é feito pelo amor, dez por cento pela técnica. Apenas através do próprio toque, um toque amoroso, relaxa-se o corpo.

Se você ama e sente compaixão pela outra pessoa e sente o valor supremo dela; se você não a trata como se fosse um mecanismo para ser colocado em ordem, mas uma energia de tremendo valor; se você está agradecido por ela confiar em você e permitir que você brinque com a sua energia – então mais e mais você irá sentir como se você estivesse tocando um órgão. Todo corpo se torna as teclas do órgão e você pode sentir que uma harmonia é criada dentro do corpo. Não somente a pessoa será ajudada, mas você também.

A massagem é necessária no mundo porque o amor desapareceu. Outrora o próprio toque dos amantes era suficiente. Uma mãe tocando o filho, brincando com o seu corpo, era massagem. O marido brincando com o corpo da mulher, era massagem; isto era suficiente, mais do que suficiente. Isto era profundo relaxamento e parte do amor. Mas isto desapareceu do mundo. Mais e mais nós esquecemos onde tocar, como tocar, o quanto profundo tocar. Na verdade, o toque é uma das linguagens mais esquecidas. Nós nos tornamos quase desconfortáveis no toque, porque a própria palavra for corrompida pelas assim chamadas pessoas religiosas. Elas lhe deram uma conotação sexual. A palavra se tornou sexual e as pessoas se tornaram amedrontadas. Todo mundo está de guarda para não ser tocado, a menos que se permita. Agora no ocidente o outro extremo chegou. Toque e massagem se tornaram sexual. Agora a massagem é apenas uma cobertura, um cobertor para a sexualidade. Na verdade nem o toque nem a massagem são sexuais. Eles são funções do amor. Quando o amor cai de sua altura ele se torna sexo e então ele se torna feio.

Assim seja devocional. Quando você toca o corpo de uma pessoa seja devocional – como se o próprio Deus estivesse lá e você está apenas servindo-o. Flua com energia total. E sempre que você vê o corpo fluindo e a energia criando um novo padrão de harmonia, você irá sentir um desfrute que você nunca sentiu antes. Você irá cair em profunda meditação.

Enquanto massagista, apenas massageie. Não pense em outras coisas porque elas são distrações. Esteja em seus dedos e em suas mãos como se todo o seu ser, toda a sua alma estivesse lá.


Não deixe que seja apenas um toque do corpo. Toda a sua alma entra no corpo do outro, penetra nele, relaxa os nós mais profundos. E faça disto uma brincadeira. Não o faça como um trabalho; torne-o um jogo e faça-o como uma diversão. Ria e deixe o outro rir também.

A massagem é entrar em sincronia com a energia do corpo de alguém e sentir onde ela está faltando, sentir onde o corpo está fragmentado e torná-lo completo... É ajudar a energia do corpo de modo que ela não seja mais fragmentada, não mais contraditória.

Quando as energias do corpo estão alinhadas e se tornam uma orquestra, então você teve sucesso.

Assim tenha muito respeito com o corpo humano. Ele é o verdadeiro santuário de Deus, o templo de Deus. Assim com profunda reverência, prece, aprenda a sua arte. Esta é uma das grandes coisas para aprender.”


Mudita
Colunista de Autoconhecimento



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