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Publicado em 10/07/2015
Foi com muito pesar que tivemos essa semana, notícias sobre os ataques racistas á apresentadora Maria Júlia Coutinho, a Maju, do Jornal Nacional, Rede Globo, ao mesmo tempo em que debates inflamados no Congresso, discutiam e aprovavam a redução da maioridade penal.
Triste saber que nosso povo luta contra ele mesmo, ignorando a nossa origem racial, e confirmando que o país, ignora, maltrata e marginaliza a melhor fase da nossa vida: a infância.
Discutir sobre a infância maltratada ficará para a próxima matéria .
Quero discutir nesta, os ataques à apresentadora Maju e falar de uma celebridade nacional, esquecida dos nossos livros de história, talvez por não ser um “famoso” jogador de futebol ou “talentoso” cantor sertanejo: Luiz Gama.
Em sua segunda edição o livro, “O advogado dos escravos“, de Nelson Câmera, graduado em direito e procurador legislativo da Câmara Municipal, traça o perfil pessoal e histórico deste que é um exemplo de superação social e dedicação ao próximo.
Torna-se uma leitura obrigatória a todo cidadão brasileiro que queira conhecer um exemplo de luta em favor da liberdade e da justiça social em nosso país.
O maior genocídio da nossa história
Já havia escrito em meu BLOG, o Impressões, que a abolição da escravatura, terminou com uma das páginas mais vergonhosas da nossa sociedade, mas não acabou com o pesadelo daqueles seres humanos que foram sequestrados de suas terras por exploradores covardes e assassinos.
O Papa João Paulo II, líder da Igreja Católica em Abril do ano 2000 pediu perdão aos judeus perseguidos e assassinados, mas não me lembro de nenhuma autoridade brasileira ou portuguesa, que tenha pedido desculpas aos humanos sequestrados na Àfrica.
Sim, respeitemos essa raça que tanto contribuiu para a nossa formação, eles exigem respeito em um momento em que não seria necessário exigir, pois o que nos faz diferentes ou melhores do nosso próximo?
Desconfio que sejam nossas atitudes, e não a cor de nossa cútis.
Uma vez assinada a Abolição da Escravatura, pouco se fez para reintegrar aquelas pessoas á sociedade, e a prova que essa chaga ainda está aberta e dolorida, fez com que com que um espetáculo de teatro fosse cancelado em meio a polêmicas e a protestos da classe artística e ainda uma manifestação aberta de racismo á uma competente e carismática jornalista, que se apresenta todas as noite em um dos maiores telejornais do planeta.
O Legado de Luiz Gama
Luiz Gonzaga Pinto da Gama nasceu no dia 21 de junho de 1830, no estado da Bahia. Era filho de um fidalgo português e de Luiza Mahin, negra livre que participou de diversas insurreições de escravos.
Em 1840 foi vendido como escravo pelo pai para pagar uma dívida de jogo. Transportado para o Rio de Janeiro, foi comprado pelo alferes Antônio Pereira Cardoso e passou por diversas cidades de São Paulo até ser levado ao município de Lorena.
Em 1847, quando tinha dezessete anos, Luiz Gama foi alfabetizado pelo estudante Antônio Rodrigues de Araújo, que havia se hospedado na fazenda de Antônio Pereira Cardoso. Aos dezoito anos fugiu para São Paulo.
Em 1848 alistou-se na Força Pública da Província ou Corpo de Força da Linha de São Paulo, entidade na qual se graduou cabo e permaneceu até o ano de 1854 quando deu baixa por um incidente que ele classificou como “suposta insubordinação”, já que apenas se limitara a responder insulto de um oficial.
Em 1850 casou-se e tentou freqüentar o Curso de Direito do Largo do São Francisco – hoje denominada Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Por ser negro, enfrentou a hostilidade de professores e alunos, mas persistiu como ouvinte das aulas. Não concluiu o curso, mas o conhecimento adquirido permitiu que atuasse na defesa jurídica de negros escravos.
Na década de 1860 destacou-se como jornalista e colaborador de diversos periódicos progressistas. Projetou-se na literatura em função de seus poemas, nos quais satirizava a aristocracia e os poderosos de seu tempo. Hoje, é reconhecido como um dos grandes representantes da segunda geração do romantismo brasileiro, mas na época enfrentou a oposição dos acadêmicos conservadores .
Ativista político, poeta e jornalista, tornou-se advogado dos negros cativos.
Advogando de graça, conseguiu libertar mais de 500 escravos pela via judicial, com base nas leis em vigor no Império.
O livro “O advogado dos escravos", mostra a trajetória deste herói nacional, revelando os aspectos centrais de sua vida e de sua obra .
Traz ainda documentação inédita, fruto de ampla pesquisa realizada pelo autor .
Não, nosso país não tem somente crises sociais e econômicas.
Temos Maju e temos Luiz Gama. Somos Luiz Gama, somos Castro Alves, somos Tiradentes, somos Jorge Amado!!!
E para não ficar para trás: #somostodosmaju
SERVIÇO: Livro: “O advogado dos escravos” Autor: Nelson Câmara Editora: Lettera.doc - 315 Páginas Preço: R$ 39,00 (Sob Consulta) Livrarias: Cultura, Saraiva, etc .
FONTE: Instituto Luiz Gama
BLOG IMPRESSÕES: Livro: “O Advogado dos escravos" de Nelson Câmara – Segunda Edição
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Silvio Tadeu
Colunista de Arte e Cultura
www.silviotadeu.blogspot.com.br